Afinal, quem eram os Fariseus?

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Fariseus Louváveis? Quem eram os fariseus?

Os paralelos entre os fariseus da época de Jesus e os cristãos evangélicos de hoje são surpreendentes

Quem eram os fariseus??

Devido ao preconceito religioso, temos a tendência de ignorar os admiráveis fariseus, os mencionados no Novo Testamento ou os que estão ali implícitos.

Escondidos nos textos dos evangelhos há, pelo menos, três fariseus que tiveram a gentileza e coragem de convidar Jesus para jantar (Luc 7.36-50; 11.37-54; 14.1-24). A hospitalidade naquela cultura era um passo relevante. Ela implicava o oferecimento de aceitação e a extensão de amizade. Um bom fariseu era muito cuidadoso para não se misturar socialmente com aqueles que tivessem escrúpulos distintos em relação a dieta.

O diálogo registrado nas Escrituras indica que havia respeito mútuo. Além disso, esses fariseus que convidaram Jesus e seus seguidores para uma refeição, provavelmente, conheciam as atitudes de Jesus quanta as questões cerimoniais. Assim, eles assumiam riscos. Embora em cada uma dessas ocasiões tenha havido um confronto desagradável (em relação a mulher pecadora, ao cerimonial de lavar-se e a cura no sábado), o leitor do evangelho não deve deixar de perceber que alguns fariseus tentaram alcançar Jesus para melhor compreendê-lo.

Em Lucas 5.17-26 (cf. Mc 2.1-12; Mat 9.1-8), lemos que alguns fariseus que, por curiosidade, vieram ouvir Jesus e questionaram as afirmações sabre o perdão por causa daquilo em que sinceramente acreditavam. Entretanto, as Escrituras registram que eles saíram dali glorificando a Deus e dizendo:

“Hoje vimos coisas extraordinárias!” (v. 26).

Alguns fariseus foram genuinamente tocados pela vida e pelo ministério de Jesus. Eles tinham sensibilidade espiritual e desejo de aprender. Além disso, um único versículo, Lucas 13.31, menciona alguns fariseus que salvam vidas, Os que vieram até Jesus quando ele estava correndo cada vez mais perigo e o avisaram:

“Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te”.

A partir do relato do evangelho, e fácil pensar que todos os fariseus tinham a intenção de assassinar Jesus. No entanto, uma leitura justa dos evangelhos revela que isso, obviamente, não é a verdade.

Nicodemos e José de Arimatéia

Dois nomes muito conhecidos nos evangelhos são de fariseus: Nicodemos e Jose de Arimatéia.

O evangelho de João identifica Nicodemos como um fariseu que ocupava algum cargo muito alto, talvez de liderança (Jo 3.1,10). Indubitavelmente, ele era um homem de poder e influencia. Nicodemos parecia alguém que genuinamente buscava a verdade (Jo 3.1-4). Por fim, ele falou a favor de Jesus e foi criticado por isso (Jo 7.45-52). Depois da crucificação, Nicodemos pediu o corpo do Senhor e gastou uma quantia considerável de dinheiro para comprar especiarias para o sepultamento de Jesus (Jo 19.39). Temos a tendência de ignorar que Nicodemos era um fariseu que tinha um alto cargo.

A pessoa que ajudou Nicodemos a cuidar do corpo de Jesus depois da crucificação foi Jose de Arimateia (Lc 23.50-55; Jo 19.38-42), provavelmente um fariseu. Ele era um homem de posses que também era membro do sinédrio. Jose de Arimateia era um homem devoto que pôs sua fé em ação, um homem que tinha poder religioso, politico e econômico. Todavia, ele estava disposto, por seu amor por Jesus, a sacrificar tudo — outro fariseu que seguia a Jesus.

Entremeado no texto do Evangelho de João, há outra referencia a fariseus que ficaram do lado de Jesus. Lemos no capitulo 9 que a cura no sábado de um homem que nasceu cego não só separou o homem de seus pais e da sinagoga, mas também dividiu os fariseus. O versículo 16 registra:

Alguns dos fariseus diziam: Este homem não e de Deus; pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.

Os fariseus, obviamente, não eram um grupo monolítico que se opunha a Jesus como comumente presumimos.

Alguns fariseus também se expuseram para proteger os apóstolos. O livro de Atos dos Apóstolos (5.33-42) menciona Gamaliel, um fariseu que ocupava um alto cargo e que argumentou, de forma eficiente, para tolerância em face de um grupo hostil de seus iguais. Suas palavras apaziguadoras foram úteis para desviar as intenções homicidas do Sinédrio contra Pedro e os apóstolos.

Alguns anos mais tarde, outro grupo de fariseus (At 23.1-10) ajudou a salvar a vida do apóstolo Paulo. Atos dos Apóstolos também registra alguns fariseus que abraçaram a fé em Jesus Cristo (15.5). Realmente, eles acharam difícil não onerar sua nova fé com resquícios do judaísmo. No entanto, eles são mencionados com os que criam — os primeiros membros da igreja.

Finalmente, e ainda mais relevante, o apóstolo Paulo era fariseu da mais alta ordem (At 22.3-5; 26.4-8; Fp 3.4-6). Foi educado pelo rabino Gamaliel, neto de Hillel. E, antes de ter seu encontro com Cristo, o histórico farisaico de Paulo era considerado de grande valor. Paulo realmente afirma que seu farisaísmo anterior era inadequado, mas não inerentemente ruim. Ao contrário, ele o considera como um código de honra religiosa e uma grande conquista humana.

Quem eram realmente os fariseus?

Isso agora deveria ficar claro: os fariseus eram pessoas boas, como nós. Eles surgiram em reação ao helenismo, o humanismo secular daquela época. Em resposta as pressões da assimilação cultural, eles se tornaram “os separados”. Resistindo a corrente liberal dos sacerdotes e levitas, eles insistiram na teologia ortodoxa. Em vez de entrar de cabeça na concessão cultural e na religião profissional, eles organizaram um movimento de base, liderado por leigos, para o retorno do judaísmo aos “valores tradicionais”.

Em resposta ao foco nos rituais do templo realizados pelos lideres religiosos oficiais, eles enfatizaram o estudo e a aplicação das Escrituras.

Em resposta ao paganismo que se introduzia sutilmente no meio deles, eles aumentaram a vigilância para ser puros.

Os fariseus de antigamente podem ter mais em comum com a igreja e com os ativistas para igreja de hoje do que se pode perceber. Eles buscavam ser puros, como os puritanos, e piedosos, como os pietistas. Eles estudavam a Bíblia da mesma forma que fazemos nos pequenos grupos de estudo bíblico. Reuniam-se nesses grupos para conversar sobre a Palavra, “experimentar Deus” e “prestar contas” de suas atitudes uns para os outros, exatamente como fazemos no movimento de pequenos grupos da atualidade.

Eles eram membros dos bons crentes que acreditavam nas Escrituras e que pregavam nas sinagogas. A vida disciplinada dos fariseus poderia muito bem ser atraente para os navegadores. Seu zelo evangelístico os tornaria os principais recrutas para o Campus Cruzada para Cristo. A missão deles os posicionaria como os primeiros candidatos para vários conselhos missionários. Sua presteza em servir, a escrupulosa separação do mundo e das coisas mundanas, o anseio deles por experiências com Deus e com seu poder certamente ecoariam nos tempos de hoje com ótimos cristãos!

Isso mesmo, os fariseus eram pessoas boas; eles eram “extremamente justos”. Essa perspectiva e muito marcante nos escritos judeus, conforme o Novo Testamento deixa implícito, e é corroborada pelos estudiosos bíblicos modernos.

Pessoas como os fariseus são os nossos próximos e colegas de trabalho bastante amigáveis, nossos cidadãos honrados e líderes civis e os membros e pastores do conselho de nossa igreja. Na verdade, os fariseus somos nós! Os fariseus eram indivíduos religiosos bem-intencionados.

O perigo mora…aqui.

Entretanto, exatamente essa bondade e essa piedade eram parte do problema que tinham com Jesus, e este com eles. Jesus tratou os fariseus de forma muito “rude” não porque eles estavam longe da verdade, mas porque eles estavam próximo demais. E sendo realistas, sabemos que, geralmente, falamos de forma mais direta com as pessoas que mais amamos, isso mesmo, até de forma “rude”.

No entanto, como muitas vezes acontece, aqueles que estão mais distantes do reino de Deus são os que estão mais próximos dele, os que não conseguem ver o quadro geral, pois se atem aos detalhes.

Nós, os cristãos que somos cada vez mais o objeto de caricaturas prejudiciais (ousaria dizer odiosas), deveríamos ser particularmente sensíveis as interpretações equivocadas.

Portanto, precisamos manter nossa caricatura dos fariseus. Os paralelos entre os fariseus da época de Jesus e os cristãos evangélicos de hoje são surpreendentes. Precisamos examinar de forma totalmente nova esse grupo de pessoas religiosas e aprender as verdades que Deus intentou para nosso bem.



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