Biblia: Não se trata apenas de uma questão de interpretação?

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Bíblia: Não se trata apenas de uma questão de interpretação?

Quando o assunto diz respeito à Bíblia, as pessoas costumam ter muitas perguntas e dúvidas. Frequentemente, a imagem que lhes vêm à mente é a de um livro místico e estranhamente incoerente, e às vezes até um pouco assustador.

Existe também um sentimento comum de que as pessoas religiosas usam a Bíblia para defender suas próprias opiniões, interpretando-a conforme a conveniência de cada grupo. Afirmações desse tipo podem levar a pessoa a concluir: “Você usa a Bíblia para justificar o que você pensa! Como você pode esperar que eu a considere seriamente?”

“Também acho uma maluquice as pessoas acreditarem na Bíblia…” (Fábio Porchat)*.

Em minha experiência esta pergunta tem se apresentado de forma ligeiramente diferente ao longo dos anos. Certa ocasião eu estava conversando com uma companheira de viagem no aeroporto. Ela me contou que havia acabado de ler um livro que afirmava que Jesus havia se casado com Maria Madalena e que ambos viveram felizes para sempre na Mesopotâmia.

Outro amigo meu havia lido esse mesmo livro e tirado conclusões completamente diferentes. Quando mencionei isso, minha colega de viagem não ficou nem um pouco surpresa.

Enquanto conversávamos, pude perceber claramente que a fonte histórica daquele material não tinha a menor importância para ela. A leitura deste novo livro, que ela havia apreciado bastante, e as diferentes conclusões tiradas por pessoas inteligentes, apenas demonstravam a possibilidade de existir diferentes interpretações para um mesmo texto. Esse conceito se estendeu e passou a ser aplicado à Bíblia e ao que está registrado nela. Não há como determinar o significado real — o que temos na verdade são inúmeras opiniões válidas, e não há possibilidade de estabelecer qual delas seria de fato a “verdadeira”.

Verdade – substantivo feminino
1. propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade. “a v. de uma afirmação”
2. POR EXTENSÃO coisa, fato ou evento real.
3. POR EXTENSÃO procedimento sincero, pureza de intenções. “agir com v.”
4. FILOSOFIA correspondência, adequação ou harmonia passível de ser estabelecida, por meio de um discurso ou pensamento, entre a subjetividade cognitiva do intelecto humano e os fatos, eventos e seres da realidade objetiva.

A grande questão que está por trás da quantidade cada vez maior de perguntas sobre significado e interpretação é se palavras e textos podem de algum modo, ter algum significado inerente. Afinal…

Não se trata apenas de uma questão de opinião? Toda interpretação é válida? Este texto transmite algum significado específico ou pode significar o que eu quiser?

A Bíblia… e as palavras

Um pastor, ao conversar com uma jovem artista, percebeu essa confusão. Segue abaixo, um pouco diálogo.

— A razão pela qual eu não sou cristã – disse a jovem – é que, como estudante de literatura inglesa, não creio que as palavras tenham um “significado transcendental”, de modo que posso dar a Bíblia o significado que eu quiser.

O pastor pediu a ela que explicasse melhor, e ela disse que acreditava que as palavras não tinham um significado real — a palavra escrita ou falada teria o significado que o leitor ou o ouvinte lhe atribuísse. Para ela, as palavras não tinham nenhum significado definitivo porque não há um Deus (o “elemento transcendental”) para dar significado definitivo às palavras. Ele, então, olhou para ela e disse:

— Se for assim, ou seja, se as palavras não possuem significado, exceto aquele atribuído a elas pelo leitor ou ouvinte, você concorda se eu disser que entendo o que você acabou de me dizer como: “Eu acredito em Jesus e sou uma cristã”?

Ao ouvir isso, ela me pareceu um pouco perturbada, pois compreendeu que seu argumento não resistia ao seu próprio teste. O critério que ela estava empregando para julgar a Bíblia era um critério que escapava ao seu próprio raciocínio.

O que o significado significa?

Esta questão sobre o significado das palavras é incrivelmente importante, no que diz respeito à fé cristã, quando apresentamos a fonte de todo o material sobre a vida de Jesus — os evangelhos do Novo Testamento — aos nossos amigos descrentes. Se a Bíblia tem apenas o significado que damos a ela, então não há nenhum propósito em lê-la para descobrir algo sobre Deus.

O que leva as pessoas a acreditar que quando se trata da Bíblia, tudo não passa de uma questão de interpretação? Entender de onde vêm estas ideias sobre interpretação e significado pode nos ajudar a responder esta pergunta.

A ideia de que nenhum texto tem um significado definitivo vem se tornando cada vez mais forte no atual contexto pós-moderno, com enormes implicações para a comunicação do evangelho. Um crítico literário escreveu:

A literatura […] ao recusar atribuir um “segredo” ou um significado definitivo ao texto (e por analogia, ao mundo), libera o que podemos chamar de uma atividade anti-teológica realmente revolucionária, uma vez que recusar-se a estabelecer um significado é, no final, recusar a Deus…

Essa frase certamente faz lembrar as palavras estranhamente proféticas do filósofo Friederich Nietzsche:

“Não podemos nos livrar de Deus enquanto não nos livrarmos da gramática”.

Esta ideia foi repetida posteriormente pelo ateu Bertrand Russell:

“A linguagem atual incorpora a metafísica da Idade da Pedra”.

O desejo de libertar o ser humano da opressão de um Deus está fortemente relacionada à questão da linguagem e seu significado.

Agora pense: Qual o significado disso para você? O que significa para você o que você acabou de ler? Tem algum significado relevante? Seria relevante saber que podemos verdadeiramente ler e entender a Bíblia, além das especulações?

Essas palavras podem significar que estilo de vida que vamos ter.


Fontes

Por que confiar na Bíblia?

Frase de Fábio Porchat

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